Superior, Atlético vence Botafogo na ida da Sul-Americana
O Atlético foi ao Estádio Nilton Santos, no último dia 24, jogar contra o Botafogo sob certas desconfianças. A primeira delas era a evidente dificuldade em derrotar o time carioca em competições eliminatórias. Outra desconfiança era relacionada não ao passado, mas ao presente: a dificuldade do Atlético em se concentrar e se portar dentro de campo como uma equipe que quer ser campeã e tem solidez para isso. Mesmo com essas e outras desconfianças, o Galo confrontou seu algoz carioca e surpreendeu. Saiba, a partir de agora, tudo sobre o importante triunfo atleticano no jogo de ida das oitavas de final da Sul-Americana.
O Jogo
A escalação inicial atleticana possuiu duas novidades em relação ao time titular que vinha jogando: Ricardo Oliveira no lugar de Alerrandro, por opção técnica, e Vinícius no lugar de Cazares, por conta de uma conjuntivite do equatoriano. O Galo começou a partida jogando recuado, esperando o Botafogo atacar e explorando contra-ataques na rapidez de Otero e Chará, com Elias e Vinícius atacando o centro de campo. Tal postura foi correta, pois jogou a responsabilidade do jogo para um Botafogo nervoso, além de dar mais responsabilidade e postura para o Atlético, visitante. As chances começaram a aparecer para o Galo, mas as finalizações ou paravam no goleiro Gatito ou iam para fora. Na melhor delas, Ricardo Oliveira cabeceou sozinho para fora. O Botafogo foi tentando se recompôr no jogo e passou a esperar seu adversário, para tentar contra-atacar. O time da casa conseguiu recuperar algumas bolas e explorava o meio de campo atleticano, que ficava aberto quando o Botafogo recuperava a bola nos contragolpes. Com o meio defensivo aberto, os zagueiros do Atlético tinham que subir para pressionar, permitindo assim que os atacantes botafoguenses fizessem o pivô para quem vinha de trás. O problema para o Botafogo era finalizar. Ou não finalizavam ou finalizavam mal, assim facilitando a vida do Galo. Com o jogo mais animado, o Atlético abriu o placar após erro defensivo do Botafogo, mas com méritos atleticanos. O goleiro Gatito Fernández tentou sair jogando em sua área, os atacantes do Galo pressionaram, e o zagueiro Marcelo acabou dando a bola para Elias, que de peito, ajeitou para Vinícius, que dominou e chutou de canhota, fazendo o 1 a 0. O gol foi merecido, até porque o Atlético tinha criado as melhores chances e conseguia controlar bem os ataques do Botafogo. Atrás do placar, os donos da casa começaram a demonstrar nervosismo, passaram os últimos minutos do primeiro tempo tentando atacar, mas erravam muito e deixaram espaços em sua defesa, explorados pelos contra-ataques atleticanos, mas sem resultar em gol. O primeiro tempo terminou com vaias dos botafoguenses para sua equipe.
Na segunda etapa, o Botafogo já voltou com duas alterações. Igor Cássio, mais dinâmico, entrou para dar mais ofensividade e Gustavo Bochecha entrou para dar agressividade ao meio-de-campo. O Atlético, sem alterações, sabia que o Botafogo voltaria com tudo para o ataque e se preparou para isso. Consciente, não se desconcentrou e continuou jogando com inteligência. Com a bola, atacava com bons passes e inversões, além do talento individual de Chará e Otero, ganhando espaço pelas laterais. O Botafogo, mais nervoso, só conseguia chegar ao ataque nos erros defensivos do Atlético, mas não obrigou Cleiton a fazer grandes defesas. Superior na partida, o Atlético criou muito mas finalizou mal, principalmente com Ricardo Oliveira. O Pastor teve seu segundo momento inacreditável no jogo, perdendo um gol claro ao receber bola rasteira e ficar de frente para o gol sem goleiro, finalizando por cima. Tal momento fez com que Rodrigo Santana colocasse o atacante Papagaio no lugar de Oliveira. O Galo até chegou a fazer seu segundo gol, com Jair, após rebote na área, mas o VAR anulou o gol. O mesmo VAR voltaria a entrar em ação para expulsar o zagueiro Joel Carli, que agrediu Papagaio com um chute no pescoço. Com um homem a mais em campo, o Atlético fez muito bem em não dar a bola para seu adversário e correr riscos bobos. Controlou bem os minutos finais de partida, criou mais algumas chances, marcou bem o Botafogo quando tentou subir e assegurou um resultado muito importante, quebrando um tabu frente aos cariocas.
Opinião Final
O Atlético deu um passo importante para quebrar um tabu de 25 anos. Desde o Campeonato Brasileiro de 1994, quando o Galo eliminou o Botafogo, entrentou o clube da Estrela Solitária outras 6 vezes e foi eliminado nas 6, sendo 4 vezes na Copa do Brasil e 2 na Sul-Americana. Entre estes confrontos, alguns marcantes foram a goleada botafoguense em pleno Mineirão, em 2008, a polêmica eliminação com pênalti não marcado para o Atlético nos minutos finais, em 2007, e as dolorosas eliminações das Copas do Brasil de 2013 e 2017. Jogar com responsabilidade e concentração era importantíssimo e o Atlético soube o que fazer no Estádio Nílton Santos. Marcou, desarmou, correu e marcou o gol. Muitos elogios para Otero, Chará, Elias, Jair e Vinícius. Foram muito importantes dentro das suas características. Jair e Elias se encontraram de vez e distribuíram boas interceptações e passes, dando uma consistência importante ao meio de campo. Otero e Chará deram velocidade pelas pontas, afunilando o jogo quando necessário e não tendo medo de arriscar. Vinícius, por mais que não tenha aparecido tanto, foi importante para a armação de jogadas e marcou nosso gol. Pouco a pouco o jogador vai se mostrando como opção (não a ideal, deve-se dizer, mas uma opção interessante). O goleiro Cleiton foi bem seguro, se posicionando bem e corrigindo algumas falhas defensivas de Réver e Igor Rabello. O treinador Rodrigo Santana também soube ler a partida e mostrou ter aprendido com os erros cometidos contra o Cruzeiro. O Atlético foi consistente, não se abriu e dominou o Botafogo no aspecto mental. Já Ricardo Oliveira foi mal. Perdeu muitos gols e, pasmem, foi substituído pelo até então desaparecido Rafael Papagaio.
O Galo mostrou boas virtudes no Rio de Janeiro. Ainda não é o time perfeito, apresenta algumas falhas defensivas, mas soube jogar a partida e se mostrou pronto para passar de fase. Os 90 minutos finais deste confronto, no Independência, devem ser igualmente responsáveis, sem “oba-oba” e com consciência. E, mais importante, que não sintamos falta dos gols perdidos no Rio de Janeiro.
Ficha Técnica
Botafogo 0x1 Atlético
Oitavas de final da Copa Sul-Americana (jogo de ida)
Local: Estádio Nilton Santos (Engenhão), no Rio de Janeiro. Data: 24 de julho de 2019 (quarta-feira)
Horário: às 21h30 (de Brasília)
Árbitro: Raphael Claus (BRA)
Assistentes: Alessandro Rocha (BRA) e Fabrício Vilarinho (BRA)
VAR: Anderson Darronco (BRA)
Gol: Vinícius – 34’/1ºT (0-1)
Cartões amarelos: Patric (Atlético-MG); Alex Santana e Gustavo Bochecha (Botafogo)
Cartão vermelho: Joel Carli (Botafogo)
Botafogo: Gatito Fernández; Marcinho, Joel Carli, Marcelo Benevenuto e Gilson; Cícero, João Paulo (Igor Cássio) e Alex Santana; Luiz Fernando (Gustavo Bochecha), Erik (Léo Valencia) e Diego Souza. Técnico: Eduardo Barroca.
Atlético: Cleiton; Patric, Igor Rabello, Réver e Fábio Santos; Jair, Elias, Vinícius (Nathan), Chará e Otero (Maicon); Ricardo Oliveira (Rafael Papagaio). Técnico: Rodrigo Santana.