Atlético cria muitas chances, mas falha na pontaria e perde para o Botafogo
O Jogo
Com uma escalação com aletas que têm jogado com mais regularidade, com a exceção de Réver, substituído por Igor Rabello, o Galo entrou no gramado do Engenhão com postura ofensiva e finalizando bastante a gol, mesmo que com pouca efetividade. O time visitante dominava a posse de bola e tentava encontrar principalmente pelo lado esquerdo as suas melhores investidas. Hyoran caía para a ponta para ajudar, enquanto Keno e Arana fechavam a trinca ofensiva. O problema do Galo, porém, era a sua pontaria (ou a falta dela). O Botafogo, muito acuado, limitava-se a dar chutões e tentar ligações diretas para o ataque, mas parecia ter treinado para isso, pois o time de Paulo Autuori estava armado com dois centro-avantes: Matheus Babi e Pedro Raul. E num erro de saída de jogo do volante Allan, os cariocas abriram o placar. Luís Henrique atacou com liberdade, chutou cruzado, Rafael tentou chegar, mas Luiz Fernando pegou o rebote e abriu o placar. Após o gol sofrido, o Atlético continuou atacando e tentando empatar imediatamente, mas continuou falhando no último passe e na hora da finalização. Junior Alonso e Keno chegaram a acertar o travessão de Gatito Fernández e o goleiro paraguaio ainda fez importantes intervenções que impediram o primeiro gol Atleticano. Keno era uma boa válvula de escape pela esquerda, mas também exagerava no preciosismo em algumas ocasiões, enquanto Marquinhos esperava demais para finalizar, e Hyoran e Allan perdiam chances com chutes bizarros. O primeiro tempo acabou com vitória parcial do Botafogo.
O time carioca voltou com alterações, mudando seu esquema para uma estratégia de três zagueiros. Mas as mudanças não mudaram o cenário do jogo no Engenhão, com o Atlético ainda atrás do resultado, absoluto na posse de bola e em finalizações, e o Botafogo contra-atacando. Jorge Sampaoli mexeu pela primeira vez em seu time aos 10 minutos, quando promoveu a entrada de Savarino, no lugar de um apagado Alan Franco. O Galo encontrava, naquele momento, grande dificuldade de criar as jogadas, uma vez que o Botafogo defendia com quase todos seus homens dentro da área e tumultuava o meio. Mesmo assim o Alvinegro Mineiro forçava algumas chegadas pelas laterais e continuava desperdiçando chances. O Botafogo, em um raro lance de contra-ataque, chegou a marcar seu segundo gol, mas a jogada foi anulada de maneira polêmica, após identificação de toque no braço de Matheus Babi. O Atlético respondeu rapidamente e acertou a trave pela terceira vez na noite, com Bruno Silva dando um “mini-voleio” após cruzamento da esquerda. Já perto do fim da partida, com o Galo aberto e já desesperado pelo gol, o Botafogo encaixou contra-ataque e marcou pela segunda vez, agora com Caio Alexandre. E o Atlético curiosamente marcou gol nos instantes finais, quando o placar já estava perdido. Jair enfiou e Igor Rabello finalizou firme. A “lei do ex” aconteceu, o Galo marcou seu gol, mas já era tarde demais e o árbitro Flávio Rodrigues de Souza deu números finais ao embate no Rio de Janeiro.
Opinião Final
O Atlético perdeu a liderança do Campeonato Brasileiro. A rodada que se desenhava perfeita, com tropeços de Grêmio e Athletico-PR, só não foi melhor porque o Internacional, antes segundo lugar, venceu sua partida, e o Galo não somou nenhum ponto no Engenhão. O Alvinegro jogou bem, foi dominante, mas falhou demais na finalização. Hyoran e Allan protagonizaram chutes bizarros. E ainda falando em Allan, partida desastrosa do camisa 29, que teve participação direta no primeiro gol do Botafogo e errou quase tudo o que tentou. Keno foi perigoso, mas abusou do preciosismo em alguns lances capitais. Num geral, é difícil entender como o Atlético não foi capaz de marcar vários gols tendo tantas finalizações (31 no total) e acertando três bolas na trave. Mas fica claro que, num ponto de vista de elenco, o antes absurdo pedido de Sampaoli por mais seis reforços agora faz mais sentido. Com só três pontas no elenco, o treinador argentino teve que colocar um lateral improvisado no ataque, em um momento crítico do jogo. Hyoran mostra que precisamos de mais um meia-atacante, e Alan Franco não justifica sua titularidade no meio-campo. Sampaoli está longe de estar isento, pois a defesa continua falhando, e Jair mostrou que deveria começar como titular. Olhando o “copo meio cheio”, o Galo teve um desempenho interessante, mas precisa de ajustar os pequenos detalhes que separam um campeão de um clube que fica no meio do caminho. Afinal, jogos assim podem custar um título no fim do Campeonato.
Ficha Técnica
BOTAFOGO 2 X 1 ATLÉTICO
Estádio: Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ)
Data: 19 de agosto de 2020, às 21h30
Árbitro: Flávio Rodrigues de Souza (SP)
Assistentes: Neuza Inês Back (SP) e Alex Ang Ribeiro (SP)
VAR: João Ennio Sobral (RJ)
Cartões amarelos: Barrandeguy e Danilo Barcelos (BOT)
Gols: Luiz Fernando (27’/1ºT), Caio Alexandre (44’/2ºT) e Igor Rabello (51’/2ºT)
BOTAFOGO: Gatito Fernández; Barrandeguy (Fernando), Marcelo Benvenuto, Kanu, Danilo Barcelos; Luiz Fernando (Rhuan), Luiz Otávio (Caio Alexandre), Guilherme Santos, Luís Henrique (Bruno Nazário); Pedro Raul (Rafael Forster), Matheus Babi. Técnico: Paulo Autuori.
ATLÉTICO: Rafael; Guga (Mariano ), Igor Rabello, Junior Alonso, Guilherme Arana; Allan (Jair), Alan Franco (Savarino), Hyoran; Marquinhos (Maílton), Marrony (Bruno Silva), Keno. Técnico: Jorge Sampaoli.