Atlético e Cruzeiro fazem jogo morno e empatam por 0 a 0 pelo Brasileiro

O Jogo

A partida começou com domínio da posse de bola pelo Cruzeiro, que trocava passes mas não criava algum perigo efetivo. O Atlético era defensivo, rondava sua área mas não conseguia ser perigoso no contra-ataque. O jogo era marcado por duas equipes que não conseguiam armar jogadas de perigo, errando muitos passes, e os goleiros pouco trabalharam. O Atlético, que errava muito ao atacar, foi se ajustando aos poucos e terminou o primeiro tempo levando algum perigo às redes do rival. Sua melhor chance foi aos 38 minutos, quando Fábio Santos acertou o travessão do goleiro Fábio.

O segundo tempo teve a mesma tônica do primeiro. Os times eram lentos na transição e incapazes de colocar alguma intensidade na partida. Apenas alguns lances protagonizados pelas equipes foram perigosos, como o cabeceio de Fred e o chute de fora da área de David. O Atlético, por sua vez, passou a dominar a partida após a entrada dos jovens Marquinhos e Bruninho e a grande queda física do Cruzeiro na partida. Mesmo assim foi incapaz de fazer o gol, mas pelo menos levou algum perigo. A melhor chance foi com o zagueiro Igor Rabello, que finalizou livre dentro da área mas viu seu chute ser desviado no último momento pelo zagueiro Cacá. Mas nenhuma das equipes foi capaz de “tirar o zero do placar” e o clássico mineiro terminou empatado.

Foto: Bruno Cantini / Atlético

Briga após a partida

As cenas mais intensas da partida ficaram, infelizmente, para o pós-jogo. Houveram vários focos de confusão em diferentes localidades do Mineirão, conforme informou o consórcio administrador do estádio. E talvez a mais grave das confusões tenha ocorrido nas arquibancadas. Uma parte da torcida do Cruzeiro, nos camarotes, provocava uma parte da torcida do Atlético, que respondia com cânticos provocativos. Mas as ameaças viraram uma briga após um torcedor cruzeirense arremessar uma garrafa de vidro em direção à torcida Atleticana, não atingindo por pouco a cabeça de alguns torcedores. Os Atleticanos foram para cima desta área de camarotes e partiram para a briga com os cruzeirenses lá presentes, que não recuaram. A segurança do estádio, em menor número, não foi capaz de conter os torcedores alterados e o que foi visto foi um cenário de guerra, com cadeiras, objetos e até grades sendo arremessadas pelos dois lados. A situação foi levemente acalmada quando a Polícia Militar chegou ao local, mas mesmo assim era pouco o número de oficiais presentes para acalmar os ânimos. As cenas de confusão continuaram por mais um momento, até a Tropa de Choque intervir com bombas de gás e “spray” de pimenta. A força das bombas e “sprays” foi tanta que até a área de imprensa foi atingida, e alguns radialistas passaram mal e tiveram que abandonar suas jornadas esportivas ao vivo. Outro foco de confusão que merece destaque aconteceu perto da zona de embarque dos ônibus e veículos dos Clubes, que quase foi invadida por cruzeirenses exaltados. Mas para a sorte geral, as forças de segurança no local estavam em bom número e conseguiram evitar uma tragédia.

Racismo

Outro fato que merece sua aba própria neste pós-jogo se refere aos atos racistas cometidos por alguns poucos “atleticanos” que discutiam com os seguranças no momento da briga dentro do estádio. Cerca de três torcedores ofenderam um policial negro zombando de seu tom de pele. Um desses “torcedores” ainda cuspiu na cara do segurança. O segurança em questão, que é atleticano, teve muita calma no momento e não reagiu, mas depois do acontecimento ficou muito abalado. Manifestamos nosso total apoio ao segurança Fábio Coutinho e repudiamos os agressores que cometeram os atos racistas. O Atlético é o clube do preto no branco, é o clube que aceita a todos, independente de cor, opção religiosa, opção sexual ou estado financeiro. Preconceituosos não merecem vestir essa camisa e, acima de tudo, não podem ser chamados de brasileiros. O povo brasileiro é miscigenado, uma mistura de diferentes culturas, raças e povos. E em um país que vive uma luta diária contra o preconceito, não podemos aceitar agressões como as feitas contra o segurança do Mineirão. Que a polícia encontre estes agressores e os puna com o rigor da lei.

Opinião Final

Tivemos um clássico tecnicamente pobre no Mineirão. Atlético e Cruzeiro foram pouco intensos, erraram demais em suas transições e mostraram, mais uma vez, porque fazem temporadas muito ruins. A solução encontrada pelos treinadores Vágner Mancini e Abel Braga foi “amarrar” o jogo, fazendo faltas e jogando sem se arriscar muito. A partida acabou sendo frustrante para as duas torcidas rivais, que viram seus times apresentarem um futebol fraco e serem incapazes de marcar o gol. E é triste que os confrontos fora da partida tenham ganhado tanto destaque na mídia e neste pós-jogo, de forma lamentável. Nossa sociedade precisa de educação e mais respeito. Igual diria Roberto Drummond: “futebol é a coisa mais importante dentro as menos importantes da vida”.

Ficha Técnica

CRUZEIRO 0 X 0 ATLÉTICO
Estádio: Mineirão-Belo Horizonte(MG)
Data-hora: 10 de novembro de 2019, às 16h
Arbitragem: Jean Pierre Gonçalves Lima (RS)
Assistentes: Rafael da Silva Alves e Leirson Peng Martins(RS)
VAR: Daniel Nobre Bins(RS)
Cartões Amarelos: Fábio Santos(ATL), Henrique(CRU)

CRUZEIRO: Fábio; Orejuela, Cacá, Fabrício Bruno e Dodô; Henrique e Éderson; Marquinhos Gabriel(David-intervalo) ,Robinho(Pedro Rocha, aos 23’-2ºT), Thiago Neves(Ezequiel, aos 38’-2ºT) e Fred.  Técnico: Abel Braga

ATLÉTICO: Cleiton; Patric, Réver, Igor Rabello e Fábio Santos; Zé Welison, Ramon Martínez(Marquinhos, aos 34’-2ºT), Luan, Cazares(Bruninho, aos 24’-2ºT) e Otero; Di Santo(Ricardo Oliveira, aos 45’-2ºT).  Técnico: Vagner Mancini

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *