Galo e Corinthians uma história de grandes jogos e resistência a opressão

Galo e Corinthians são conhecidos como times do povo, seus torcedores carregam o time do lado esquerdo do peito, e fazem do clube um estilo de vida, uma paixão que fomenta grandes histórias ao longo do tempo. Jogadores ao longo da  historia desses confrontos fizeram historia, não só pelo futebol como também por suas posições fora de campo sobre assuntos importantes no contexto da sociedade.

Assim fez o ídolo Reinaldo, atacante que fez historia no Clube Atlético Mineiro nas décadas de 70 e 80, período que o Brasil era governado por uma Ditadura Civil Militar, ao comemorar seus gols com o braço direito estendido  e o punho cerrado, símbolo esse reconhecido por diversos movimentos na historia que lutaram contra opressão de governos, patrões e o racismo, o Rei assim conhecido pelo torcida do Galo, em suas palavras conta sobre esse gesto nas suas comemorações:  “Na primeira vez em que fiz o gesto, todos vieram até mim querendo saber o que aquilo significava. Muitas vezes, para driblar a repressão, eu dizia que era um protesto estritamente racial. Eu precisava tomar cuidado, pois os ‘dedos-duros’ do governo estavam sondando, querendo descobrir se eu seria como instrumento de algum grupo revolucionário. Percebia que o meu gesto era um alento aos socialistas, um sinal de apoio e de unidade perante uma causa”, Reinaldo, na biografia Punho Cerrado: a história do Rei , publicada em 2017.

Reinaldo comemora gol.     Foto: Divulgação \ Internet

No outro lado, ídolo da torcida do Corinthians, Sócrates, conhecido por seu belíssimo futebol e suas posições políticas a favor da democracia iniciou um movimento no inicio da década de 80 conhecido como democracia Corintiana e contava com o lema: “Ganhar ou perder, mas sempre com democracia”, o movimento consistia na ideia de que todas as decisões tomadas pelo clube, na área de futebol, deveriam ser votadas antes, de modo que todos os participantes, dirigentes, atletas ou equipe de apoio, tinham direito a um (1) voto. Talvez esse fato não soe atualmente com a significância que tinha naquela época: roupeiro e diretor de futebol tinham a mesma importância na Democracia Corintiana, suas opiniões tinham o mesmo valor decisório. Tendo em vista o governo Militar que impunha grande repressão a qualquer forma de contestação do Regime.

Foto: Divulgação \ Internet

Galo e Corinthians, fizeram grandes jogos na historia, se enfrentaram 67 vezes em Campeonatos Brasileiros. O Corinthians soma 30 vitórias, as equipes empataram 18 vezes e o Galo soma 19 vitórias, foram 86 gols a favor dos paulistas e 70 gols dos mineiros.

Galo e Corinthians protagonizaram um jogo eletrizante pela semifinal do campeonato brasileiro de 1994, no Mineirão lotado (82 938 pagantes), ATLÉTICO-MG: Humberto; Dinho, Luís Eduardo, Adílson, Paulo Roberto, Valdir Benedito, Éder Lopes, Darci (Gaúcho), Zé Carlos (Clayton), Reinaldo e Éder. Técnico: Levir Culpi. CORINTHIANS: Ronaldo Giovanelli; Paulo Roberto, Pinga, Henrique, Branco, Zé Elias, Luizinho (Wilson Mano), Marco Antônio, Marcelinho Carioca, Marcelinho Paulista (Souza) e Marques. Técnico: Jair Pereira. A partida começou eletrizante com o Galo empurrado pela massa partindo para cima e aos 24 minutos de jogo Reinaldo Rosa artilheiro do campeonato, abriu o marcador para o Galo, o time corintiano empatou aos 43 do Primeiro tempo com o lateral Branco, veio o segundo tempo os paulistas voltaram melhor e aos 11 minutos Marcelinho carioca encobriu o goleiro Humberto, marcando 2 x 1 para o Corinthians, a massa incentivou e o Galo partiu para cima e aos 22 Reinaldo Rosa empata para o Galo, e aos 42 novamente ele Reinaldo rosa virou o placar, fazendo 3 x 2 para o Galo e as arquibancadas do Mineirão tremerem.

Reinaldo Comemora gol da virada.              Foto: Divulgação \ Internet

Nesse sábado o Galo enfrenta o Corinthians em busca de três pontos  almejando o topo da tabela no Brasileirão 2021, com a lembrança de confrontos históricos e a resistência dos grandes ídolos do passado a todo e qualquer forma de opressão.

 

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Esporada neles Galooooooooooooo!!!

Leonardo Oliveira

Historiador, Pós Graduado em História do Brasil, apaixonado pelo Clube Atlético Mineiro.

2 thoughts on “Galo e Corinthians uma história de grandes jogos e resistência a opressão

  • 18 de julho de 2021 em 22:31
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    Tenho uma curiosidade, tanto nessa foto, que inclusive foi capa de uma edição da Placar em 79 quanto numa outra foto que circula pá internet em que além dos dois estão Zico e Falcão, o Rei está com uma camisa com escudo branco, como o da década de 50.
    Houve alguma camisa da década de 70 que tenha usado esse escudo de fundo branco?

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    • 19 de julho de 2021 em 10:33
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      Bom dia, essa foto ao que me parece, foi feita exclusivamente para a capa da revista, a camisa não era de uso oficial do time, nas década de 70 o escudo com fundo branco não apareceu na pesquisa que fiz. Obrigado.

      Resposta

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